Período fértil
O organismo feminino é complexo e isso pode se refletir na hora de dormir. Os problemas ligados ao sono podem afetar as mulheres desde cedo, já no início da fase fértil da vida, com o começo da menstruação. Isso porque o sono está diretamente ligado à produção hormonal.
O ciclo menstrual irregular é um fator de risco para desenvolvimento de insônia, por exemplo. Estudos mostram que mulheres com esse tipo de ciclo podem apresentar até duas vezes mais distúrbios de sono.
Soma-se a isso o fato que a maioria das mulheres apresentam a TPM (tensão pré-menstrual), uma condição que, segundo estudos, pode ocasionar problemas para dormir por conta de dores, ansiedade e humor mais deprimido. Esse estado pode tanto causar insônia como agravar um quadro já existente.
A síndrome dos ovários policísticos é uma das mais comuns desordens endocrinológicas nas mulheres em idade reprodutiva, com prevalência que varia de 6 a 10% em diferentes estudos. Ela consiste em alterações hormonais e do metabolismo que levam a diminuição produção de hormônios femininos e aumento os masculinos, levando até a interrupção da menstruação em alguns casos. Essas alterações culminam com o aumento do peso e, consequente, podem causar ronco e apneia.
A gestação traz grandes mudanças ao corpo. E, em todas as suas fases, ela costuma ser causa frequente de distúrbios do sono. No primeiro trimestre, as náuseas, vômitos, enjoos e aumento da frequência miccional podem fragmentar o descanso noturno, levando à sonolência durante o dia. Já no segundo trimestre da gravidez, o sono começa a ser interrompido pelos movimentos fetais.
No terceiro trimestre, por conta do grande aumento abdominal, a mulher normalmente sente desconforto e dificuldade para encontrar posição adequada para dormir. Além disso, o nariz tende a ficar obstruído pelas alterações hormonais e vasomotoras do final da gestação, dificultando ainda mais o sono.
Tudo isso é fator de risco para o aumento da pressão arterial na gravidez e, em casos mais raros, pode culminar com a chamada pré-eclâmpsia, um aumento exagerado da pressão arterial, com alterações na circulação, que gera consequências tanto para a mãe quanto para o bebê. A pré-eclâmpsia pode ter indicação de tratamento com a máscara CPAP para desobstruir as vias aéreas – o mesmo aparelho usado em alguns casos de apneia do sono.
Depois de dar à luz, a mulher ainda enfrenta uma série de novos desafios relacionados ao sono. A obrigações da maternidade, como a amamentação frequente e os cuidados intensos com o recém-nascido, fazem com que ela durma de maneira fragmentada. Por esse motivo, no geral, o sono não é reparador na fase neonatal. Vale ressaltar ainda o aparecimento de depressão pós-parto em algumas mães que, por sua vez, é fator de risco para a insônia.
Climatério e menopausa
Quando a vida fértil começa a chegar no fim, percebem-se mais alterações no sono da mulher. O climatério (diminuição drástica da produção de hormônios) e a menopausa (fim da menstruação) são fases em que a oscilação hormonal pode trazer calores noturnos e aumento da frequência miccional, dificultando o sono. É nessa época também que a prevalência de casos de apneia em mulheres se iguala aos homens.
Essa informação foi útil?
Compartilhe nos seus Stories ou envie esse conteúdo para alguém que necessita saber dessas informações.